O desenvolvimento de um indivíduo, requer uma série de interações entre as suas células, sobretudo entre os seus genes e o meio interno e externo ao organismo.
A biologia explica-nos que após a fecundação de um óvulo pelo espermatozoide, começa a existir um ser novo. Estamos perante uma nova célula com identidade genética própria, diferente da que pertence aos que lhe transmitiram vida e com capacidade para gerar o seu próprio desenvolvimento. Passará por vários estágios evolutivos do ser vivo até à sua morte. Todos os tecidos e órgãos nascem a partir do intestino primitivo, que forma um arco reflexo dividido por três folhetos embrionários, intestino anterior, intestino médio e intestino posterior. E de cada segmento do intestino, originam-se os diversos órgãos.
As experiências de vida, boas ou más, influenciam os óvulos e os espermatozoides até à quarta geração, mudando o destino determinado pela herança genética, ou seja, somos afetados pela herança “epigenética transgeracional” (algo no ambiente altera a saúde da pessoa exposta, mas também dos seus descendentes). Somos modificados através da memória celular epigenética.
Apenas 2% do genoma transmitido (1% pai e 1% da mãe) codifica proteínas dos genes expressos herdados. Os restantes 98% da sequência genética possuem funções regulatórias e não regulatórias. Nas regulatórias, temos os fatores extra genómicos de epigenética e de transcrição que ligam e desligam genes que ativam fenótipos plásticos.
A nossa história depende das escolhas dos nossos antepassados, isto porque na regulação das proteínas do genoma há uma interferência herdada exclusivamente da nossa progenitora que é o DNA Célula Mitocondrial. As mitocôndrias nos animais e plantas têm reprodução sexuada, na fecundação os gametas masculinos degeneram as mitocôndrias no zigoto, eliminando-as e por isso herdamos exclusivamente a mitocôndrias maternas.
A herança materna pode caracterizar anormalidades do DNA mitocondrial. Assim, todos os descendentes de uma mulher afetada apresentam risco de herdar a anormalidade, porém nenhum descendente de um homem afetado apresenta o risco.
A fase áurea do metabolismo fisiológico funcional e hormonal do corpo feminino acontece entre os 21 e os 35 anos. Um dado que atualmente não é mais considerado pelas mulheres da nova geração. Sempre que uma gestação ocorre fora deste período, está-se a modificar a memória celular.
É a mãe quem controla o crescimento do novo ser através do fornecimento de alimentos saudáveis e de oxigénio, e é a soma dos dois quem determina o tamanho da criança à nascença. Ao terceiro dia, o embrião manda sinais moleculares à mãe para que ambos se coordenem como vidas diferentes em perfeita simbiose durante toda a gestação.
O tamanho “in útero” depende do nível de serviços que a mãe pode fornecer; comida e acomodação. A nutrição pode afetar o embrião através dos sinais hormonais causados à mãe e, são estes sinais que irão gerar ao embrião a informação e a experiência que vão fazer dele um ser saudável.
O estado epigenético e o tipo de alimentação dos progenitores determinam a qualidade de vida do novo ser durante o seu desenvolvimento (fecundação, gestação e primeiro ano de vida). A tarefa do alimento em cada ser humano, é a sua conversão em energia, devemos absorver toda a sua força.
Na estrutura mineral do alimento existe uma grande semelhança com a nossa própria estrutura mineral, pelo que nos tornamos, no que comemos, como comemos e quando comemos. Quanto mais vida o alimento possuir, menos adoecemos, porque estamos a ingerir nutrientes bioativos e funcionais, onde não se alterou a sua constituição, sendo esta absorvida pelo nosso corpo quase na sua maior parte. Um ser humano adulto, com uma vida saudável entre os 21 e os 60 anos, com 70Kgs de peso total, é constituído por 11 tipos de elementos minerais (6 não metais e 5 metais) e por 4 compostos gasosos.
O cientista Joël de Rosnay, autor da obra sobre “A Sinfonia da Vida”, descreve o efeito dos fatores epigenéticos em sociedade e como essas influências afetam a nossa evolução, segurança, saúde, ambiente profissional e o estado de felicidade.
O autor estabelece ainda uma relação entre epigenética e a “epimemética” (modificação dos genes do DNA social), os chamados memes ou ações, comportamentos, ideias e conceitos, com impacto em sociedade, ao ponto de influenciarem as moléculas de regulação do RNA em todo o nosso bem-estar.
A “memética” aplica conceitos da teoria da evolução (especialmente da genética populacional) à cultura humana. Pretende explicar vários assuntos como religião e sistemas políticos, hábitos alimentares, de vestir e de convívio social e profissional, usando modelos matemáticos.
Profissionalmente, verifico diariamente, que a forma de uma determinada população se alimentar e interagir entre si e o exterior, pode desenvolver novas doenças de perceção quase invisível, mas de grande impacto na saúde fisiológica, desenvolvimento físico e emocional das gerações entre o 1º mês de vida e os 50 anos, com grande incidência nos fluxos populacionais migratórios dos últimos 30 anos. A memória das nossas células é a “matriz” básica do desenho humano e não se perde ou se destrói.
Ela é a energia da vida e circula através da composição dos nossos estados gasosos, oxigénio, carbono, hidrogénio, nitrogénio e minerais essenciais, numa relação entre natureza, nutrição e o genoma humano.
Esta energia de vida deve ser reforçada por “Valores Humanos numa ação de Cidadania consciente, pela conquista da Paz entre o corpo, a humanidade e o respeito pelo Planeta que nos acolhe”.