A jornada de uma arquiteta de Comunicação

Vânia Guerreiro, Diretora de Marketing e Comunicação da iServices

A arquiteta Vânia Guerreiro apaixonou-se pelo mundo da Comunicação e do Marketing e de lá nunca mais saiu. Há mais de 20 anos que Vânia se dedica às atividades de marketing, relações públicas, comunicação estratégica e digital. Hoje é diretora de Marketing e Comunicação da iServices e assume que é o realizar de um sonho, juntando a sua área profissional com o universo tecnológico.

Vânia Guerreiro considera-se uma “arquiteta de Comunicação”, um conceito que não é desconhecido, mas no seu caso é utilizado literalmente. Vânia seguiu o curso de artes no ensino secundário, por ser apaixonada por pintura, escultura, moda, cinema e literatura, e, mais tarde, licenciou-se em Arquitetura. Nas palavras da arquiteta, o curso “estava muito na moda nos anos 90 e tive uma certa influência familiar para seguir por essa opção”.
No entanto, logo nos primeiros dois anos da licenciatura, Vânia percebeu que tinha uma grande aptidão para o design, o marketing e as ciências da comunicação. Isso não a fez desistir de arquitetura e até chegou a exercer nos primeiros anos, mas como tinha ficado com aquele interesse noutras áreas, decidiu realizar uma pós-graduação em Comunicação Social e um mestrado em Comunicação Estratégica. Chegou também a inscrever-se no doutoramento em Ciências da Comunicação, só que, entretanto, congelou a matrícula, pretendendo retomar mais tarde esta “aspiração pessoal e profissional”, tal como designou Vânia.

O seu primeiro trabalho foi como arquiteta na Câmara Municipal de Fronteira, tendo vivido, pela primeira vez, fora de Lisboa. Ao fim de um ano, voltou à capital para, mais uma vez, exercer o cargo de arquiteta numa empresa de consultadoria ligada ao Canal Autodesk Portugal e foi aí que toda a sua viagem pela Comunicação começou. Vânia chegou a responsável pela área de Marketing e Comunicação da empresa e confessa que foi ali que pôde crescer profissionalmente e consolidar a paixão pela Comunicação Estratégica e o Marketing Digital, que, em 2010, começou a ganhar popularidade.

O seu percurso nesta área não ficou por aqui e foi, cada vez mais, se desenvolvendo e abraçando vários desafios: Vânia foi account senior e coordenadora de RP na agência Green Media, head of corporate communications na empresa de consultoria Winning, tendo tido a oportunidade de fazer o rebranding da marca (dar uma nova identidade à marca). Também passou pela Teleperformance, assumindo o cargo de responsável de Comunicação e, por fim, chegou à iServices, onde a arquiteta de Comunicação revela que encontrou a sua paixão. Em 2020, Vânia aceita ser diretora de Marketing e Comunicação e, um ano mais tarde, torna-se também diretora de Serviço ao Cliente e Canais eCommerce. A designação que assume atualmente é de diretora de Marketing e Comunicação.

É trabalhando na iServices que a diretora pode “escrever, ler e aprender diariamente sobre o universo da tecnologia” e descobrir todas as novidades da comunicação estratégica e digital. Vânia sente que está a viver um sonho, tanto pelas razões já mencionadas, como por poder viver no meio de todos os produtos da Apple, marca pela qual é apaixonada. Considera que é uma “aprendiz, em constante aprendizagem”, apesar dos já inúmeros anos de experiência na área. Neste momento, o foco de Vânia está no marketing digital e no eCommerce , aliando a inteligência artificial às suas ferramentas.

A iServices é a empresa líder em Portugal na reparação multimarca de todo o tipo de equipamento tecnológico (telemóveis, computadores, tablets, iPhone, entre outros). Vânia afirma que trabalham num mercado bastante competitivo em várias categorias e considera que a concorrência saudável até pode ser benéfica para o consumidor. Este passa a poder fazer as suas escolhas, não só tendo por base a qualidade, mas também “os fatores de diferenciação do atendimento e no seu nível de identificação com os valores da empresa”. A diretora de Marketing e Comunicação afirma que os clientes da iServices são “ambientalmente conscientes” e acabam por procurar um local que também o é para encontrar o que precisam. A marca investe na experiência do consumidor em cada uma das suas lojas, pois, de acordo com Vânia, é ali que têm a oportunidade de fidelizar os clientes e melhorar a sua reputação e credibilidade.

“As nossas lojas são espaços harmoniosos, equilibrados e luminosos com uma organização sofisticada da exposição e procuramos sempre oferecer um sortido, no segmento tecnológico, adaptado às principais novidades e inovações que vão surgindo”

Vânia refere que os seus clientes são exigentes, informados e procuram qualidade. Por essa razão, a iServices teve de conseguir montar uma estratégia que proporcionasse ao cliente tudo a que ele tem direito: primeiro, asseguram que tenha uma “jornada de compra confiável e uma experiência memorável” e depois asseguram a qualidade e o nível de serviço de excelência. Vânia considera que estes são os principais fatores que os diferenciam da concorrência.

Em tempos de pandemia e pós-pandemia, muitas empresas sentiram grandes dificuldades em conseguir ser lucrativas e continuar a atrair o consumidor, o que não foi o caso da iServices.

Vânia explica que, durante os confinamentos, decidiram apostar nos canais digitais. Toda a equipa dedicou-se a responder aos seus clientes através do website (implementaram um chat online para que a equipa de técnicos pudesse responder aos visitantes) ou das redes sociais e foi uma altura até para implementar soluções inovadoras na indústria. Mas como uma marca de reparações de equipamentos eletrónicos consegue ajudar à distância? Quando não conseguia, a iServices enviava um estafeta a casa do cliente para recolher os equipamentos e voltava a entregá-los, reparados, passado uma ou duas horas. Todo este serviço era gratuito.

No entanto, havia aquele receio de o negócio estagnar e os clientes não terem necessidade de recorrer aos seus serviços, já que se encontravam em casa. Pelo contrário: o negócio online começou a crescer e houve muita procura para reparações de “danos de água e outros líquidos (o álcool gel, por exemplo, foi causador de muitos danos), bem como pedidos de substituição de baterias e trocas de vidros partidos”, acrescenta Vânia.

A marca também sentiu um crescimento da venda online de equipamentos seminovos, tendo em conta a maior utilização dos mesmos durante o confinamento. Para conseguir responder rapidamente aos pedidos, a iServices implementou um sistema que permitia entregar qualquer compra online num período máximo de 24 horas em todo o país; caso fosse um cliente de Lisboa ou do Porto, entregariam em duas horas.

Vânia Guerreiro descreve o período de confinamento como um dos mais prósperos para a iServices, ajudando-a a crescer e a desenvolver soluções que se mantiveram até hoje. Como referiu, a loja online cresceu mais de 1000% em 2020, face a 2019, e nos anos seguintes registou sempre um crescimento acima dos 35%.

É visível que a iServices tem enfrentado os desafios que lhe surgem com eficácia e proatividade. Vânia revela que os desafios são constantes, mas encara-os positivamente e vê neles uma oportunidade de aprender e crescer. Tal como já se esperava, a diretora enfrenta os desafios ao começar logo a pensar em soluções eficazes.

A importância de saber onde se quer chegar

Vânia Guerreiro começou o seu percurso profissional na arquitetura, mas pouco tempo depois percebeu que o que realmente a entusiasmava era a Comunicação e o Marketing. A mesma acredita que é possível já nascer com um talento natural para estas áreas, ou seja, ter a capacidade de compreender as necessidades dos clientes e criar campanhas criativas e eficazes. Contudo, não considera que ter esse talento seja suficiente e é essencial continuar a desenvolver competências, tornando-se num “processo contínuo e sempre evolutivo”. E foi o que aconteceu com a arquiteta de Comunicação – a mesma descobriu ter aptidão para o Marketing, mas não deixou de continuar a aprender, tanto através do seu trabalho, como através de cursos, eventos de networking e atividades de desenvolvimento profissional. Vânia olha para todos os seus anos de experiência e continua a querer especializar-se noutras áreas e continuar a crescer.

Para Vânia, um bom marketeer, quer seja homem ou mulher, tem de ter várias caraterísticas e competências que o diferenciem. Uma das mais importantes é a criatividade, tendo em conta que o profissional terá de ter a capacidade de criar ideias inovadoras e relevantes que se diferenciem no mercado e chamem à atenção do público-alvo. Em seguida, é importante saber comunicar e adaptar essa comunicação a cada um dos envolvidos (equipa, clientes, agências, entre outros), transmitindo as ideias de uma forma clara. A capacidade analítica de dados, principalmente a análise de métricas de marketing, é também essencial para conseguir avaliar o desempenho das estratégias de marketing da marca, para posteriormente fazer pequenas alterações e melhorar os resultados. Vânia ainda ressalta que ter um pensamento estratégico é muito importante para ser um bom marketeer, de modo que o mesmo tenha já uma visão do objetivo final. É também relevante que tenha uma capacidade de adaptação a todas as mudanças que acontecem constantemente no Marketing e Comunicação e que o faça de forma ágil e flexível.

Acima de todas estas capacidades, para Vânia, um bom marketeer tem de gostar do que faz, ser apaixonado pela área do Marketing e Comunicação. Isso é o que motiva o profissional a fazer mais e melhor e gostar de acompanhar as tendências para poder adaptar-se às mesmas, para além de gostar de estar constantemente a aprender com a área.

Já em relação a ser uma boa líder, aliás, um ou uma líder, sendo que Vânia não vê nenhuma diferença entre os dois géneros, a arquiteta de Comunicação considera que depende muito do contexto profissional e dos objetivos da organização em que se trabalha. De qualquer forma, Vânia identifica algumas caraterísticas que estão associadas a líderes “inspiradores e com mais chances de trazerem sucesso a uma organização”, não a perfeitos, porque a mesma não acredita que existam seres humanos perfeitos:

1. Visão clara e objetiva:

Um(a) líder deve ter uma visão clara e inspiradora que motive e oriente a sua equipa em direção aos objetivos da organização;

2. Comunicar de forma eficaz:

O(a) líder deve ser capaz de se comunicar de forma clara e eficaz com a sua equipa, transmitindo as ideias e os objetivos de modo transparente e conciso;

3. Habilidade para tomar decisões:

O(a) líder tem de ser capaz de tomar decisões difíceis e assertivas, mesmo em situações de pressão ou incerteza;

4. Capacidade de automotivação e de motivação da equipa:

O(a) líder deve ser capaz, não só de motivar a equipa a alcançar os objetivos delineados, concedendo sempre um feedback construtivo e incentivando o desenvolvimento pessoal e profissional de todos os elementos da sua equipa, mas também ter uma enorme capacidade de automotivação. É natural existirem dias desafiantes, dilemas complexos e, por vezes, é um trabalho solitário, que tem de ser encarado com positivismo e assertividade;

5. Empatia: quanto a mim é crucial:

O(a) líder ser capaz de compreender e de se relacionar com as necessidades e preocupações dos elementos da sua equipa, criando um ambiente de trabalho inclusivo, cooperante e solidário;

6. Adaptabilidade:
O(a) líder deve ser capaz de se adaptar às mudanças do mercado, da organização, das equipas e do ambiente de trabalho, mantendo-se sempre ágil e flexível;

7. Integridade:

O(a) líder deve ser honesto(a), justo e confiável, mantendo altos padrões éticos e de conduta profissional.

Ainda assim, Vânia afirma que para conseguir alcançar uma posição de destaque, seja homem ou mulher, não chega “trabalhar muito e bem”, tendo de ter em conta outros aspetos. A definição de objetivos é muito importante para alcançar um cargo de liderança, considerando que cada um tem uma ideia de sucesso profissional, não se podendo seguir por um exemplo que ficou a conhecer. É também necessário alinhar esses objetivos profissionais com os pessoais, familiares e salariais. Vânia aconselha a definir os mesmo a curto, médio e longo prazos, para que possam trabalhar e dedicar-se a alcançá-los.

“Saber onde quer chegar é fundamental para alcançar um patamar de liderança”

O passo seguinte a dar, depois de definir os objetivos, é saber reconhecer os pontos fortes e os que ainda têm de ser melhorados. Esta análise de si próprio tem de ser feita regularmente, de modo a poder reajustar alguns objetivos e mudar de rumo, se for necessário. É um processo constante de aprendizagem e evolução, para que se consiga ir aprimorando competências e capacidades. Vânia volta a reforçar a importância da constante aprendizagem e o continuar a estudar, uma vez que o crescimento de um profissional depende “da sua capacidade de absorver conhecimento”, acrescenta. É essencial interligar as competências técnicas com as comportamentais, ou seja, a “agilidade, capacidade de negociação, flexibilidade, inteligência emocional, proatividade, dinamismo, entre muitas outras”, afirma a diretora.

Vânia aproveita a oportunidade para deixar uma mensagem a mulheres que entram hoje no mercado de trabalho e queiram fazer uma carreira de sucesso: “Estejam sempre atentas, conectadas, capacitadas e mantenham as mentes sempre abertas para compreenderem os porquês, as inovações, as experiências e as tendências. A diretora de Comunicação e Marketing reconhece que as profissões integrantes da área do marketing são valorizadas e levam a caminhos de grande sucesso e de grandes vitórias.

Apesar de Vânia reforçar sempre a igualdade entre um homem e uma mulher, a mesma alerta para o facto de ainda predominar uma economia assente em empresas que são geridas por homens.

Já se verifica uma evolução na representatividade feminina, mas ainda falta percorrer um longo caminho e, por essa razão, ainda é essencial que uma mulher numa posição de liderança seja considerada notícia. Acaba por ser uma forma de incentivar a normalizar esta situação, mas Vânia alerta para que estas notícias sejam a favor do reconhecimento do mérito do profissional e não por ser mulher.

A diretora de Marketing e Comunicação  afirma que ainda há alguns obstáculos que impedem a progressão profissional das mulheres, principalmente a nível cultural. É à mulher que é exigido uma maior atenção à vida familiar e cabe a ela lutar para que haja um equilíbrio com a vida profissional, tal como acontece com o homem. Vânia acredita que a sociedade portuguesa será progressivamente mais inclusiva se a democracia defender os direitos individuais e promover políticas públicas, as que forem necessárias, para eliminar qualquer discriminação, seja de género ou de etnia.

“Todos os cidadãos devem estar comprometidos com a igualdade de liberdades, direitos e oportunidades entre homens e mulheres”